Texto para discussão 12/2006
Acumulação de capital, abertura econômica e poupança externa: um modelo macroeconômico pós-keynesiano com câmbio flexível e mobilidade de capitais
Flávio A. C. Basílio*, José Luís Oreiro**
Resumo
Muito se discute sobre qual seria a melhor maneira de se promover o crescimento auto-sustentado
das economias capitalistas, de como ficar menos suscetível a choques exógenos,
bem como analisar os determinantes do crescimento econômico. Dentro deste contexto,
este trabalho tem como principal objetivo apresentar um modelo macroeconômico no qual:
(i) A economia opera com regime de câmbio flutuante; (ii) As firmas operam no regime de
oligopólio e o ajuste entre poupança e investimento é feito através de variações no grau de
utilização da capacidade produtiva; (iii) A distribuição da renda entre salários e lucros é
determinada pela política de formação de preços das firmas, ou seja, pelas suas decisões a
respeito do nível da taxa de mark-up sobre os custos diretos de produção; (iv) O modelo
traz a possibilidade dos capitalistas se financiarem por intermédio do endividamento
externo via emissão privada de títulos. Na seqüência, analisa-se a sensibilidade da
economia frente a choques exógenos como, por exemplo, variações nas taxas de juros
doméstica e internacional, aumento do endividamento externo como proporção do estoque
de capital, e alterações na participação dos lucros na renda. Por fim, discute-se a tese de
crescimento com poupança externa, segundo a qual, países que não possuem poupança
doméstica capaz de financiar o investimento necessário para impulsionar o crescimento
econômico, deveriam recorrer à poupança externa como forma de financiar o seu
desenvolvimento. Neste sentido, será demonstrada a incapacidade desta poupança em
acelerar o crescimento das economias em desenvolvimento. Assim, os modelos de
crescimento Keynesianos são colocados na agenda de discussão como uma forma
alternativa de se entender os mecanismos de crescimento sustentado das economias
capitalistas.
Palavras-chave: crescimento endógeno; poupança externa; câmbio flexível.
JEL: F43, O11, F41, E12
* Economista e mestrando em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
** Professor do Departemento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
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